terça-feira, 31 de julho de 2012

As duas irmãs (Ou: A mesma)

Moravam, duas irmãs, na mesma casa. Até que, um dia, perderam-se. 
Dentro de seus próprios caminhos, em ruelas que ligavam as tripas e o coração.
A princípio, não temeram. Afinal, não poderiam ir muito além delas mesmas. 
A princípio, não choraram. Afinal, não poderiam sofrer, estando livres.
A princípio, não correram. Afinal, estavam perto.
Mas, numa noite escura, abrindo os olhos, e vendo que suas mãos estavam geladas,
as irmãs gritaram, uma para a outra, a fim de que se ouvissem e se achassem e voltassem a morar perto do calor do mesmo sangue.
Não se ouviram. Não se viram. Não dormiram mais.
Foi preciso esperar passar o inverno todo e, talvez, uma outra estação, e só então, sem neve, sem frio, sem medo, acharam-se. Acharam-se. E perceberam que, na verdade, estiveram sempre no mesmo lugar. Mas de costas uma para outra. A partir desse dia, só andaram de mãos dadas. E quentes.

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