segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Fofoca Literária (Ou: Os fingidores) (Ou:Cada macaco no seu galho)


Ele começou falando uma coisa no ouvido de alguém. O círculo foi fechando.
As palavras foram sendo levadas, porque palavras voam. 
Leu Dostoiévski e disse: Vocês viram que esse autor matou o próprio pai? Ele matou uma velha também. Ele roubou.
Leu Kafka e disse: Pessoal, esse escritor virou uma barata. Juro. Ele escreveu. 
Leu Gabriel Garcia Marques e sentenciou: Que nojo, esse escritor tem tara por menininha. Está lá escrito no livro das putas tristes.
Leu Borges e concluiu: Deus me livre, ler um livro de areia. Demoníaco.
Leu Llosa e pensou: Coitado. Amar assim uma menina má.

Quando voltou para casa, olhou-se no espelho, e estava sujo.
Não entendeu. Lavou-se. 
Decidiu parar de ler aqueles escritores escrotos que tem que viver tantas coisas podres para escrever.
Nunca mais leu. Mas toda vez que se olhava no espelho, via sua pele suja.

Dostoiévski olhou para os outros e disse: A ignorância mancha a vida, meus amigos. A literatura é Alvejante.
E foram todos eles dormir tranquilos porque estavam limpos.

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