Há um poema turvo dentro de mim
Um poema a turvar as vistas
E a fazer-me procurar em outras tantas
Alheias vicissitudes e clareiras obscuras.
Nos outros rostos
Existem rotas
E são nelas e em portas
Que procuro minhas saídas.
No despertar de um calafrio
Nos ocos espaços em torno da espinha
Nas linhas sujas desse poema
É que se escreve ou se caminha.
Há um poema turvo dentro de mim
Um poema a turvar minhas rugas
E a fazer-me procurar em outros prantos
As tristezas já não mais minhas.
Sorte sua se não tem poema
A turvar suas vistas puras
As minhas tão míopes e burras
Serão sempre prisioneiras das agruras.
Um gozo e um espirro
A bater-te a porta
Abra se tiver a rota
Da minha saída sem fim.
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